A mentira

É difícil… cada vez mais difícil perceber que a pessoa que tanto amo me mente e engana constantemente.

Já não sei o que fazer, nem muito menos o que pensar.

Não estou a conseguir lidar com a situação. Pois é… ele mente me descaradamente. Continua a ter amigas coloridas às quais pede para as ver sem roupa e pergunta o que trazem vestido.

Dói tanto cá dentro ser enganada por quem amo.

Confrontado com as mensagens afirma ter sido alvo de roubo de identidade, alguém se fez passar por ele… continuamos a insistir e no final da nossa conversa “talvez” tivesse sido ele a enviar as mensagens! Possas que cobarde! Que mentiroso! Que desonesto! Que pessoa vive comigo? Um aldrabão que jura a pés juntos gostar de mim e que me engana a toda a hora. Um cobarde que não assume aquilo que faz. Um filho da mãe capaz de trair o meu amor por ele!

Correm as lágrimas da revolta, da desilusão, da ingenuidade. Doem cada vez mais. Já não é a primeira vez que sou enganada. “Desta vez acabou” repete o mentiroso sem dó nem piedade de mim, já ouvi isto, já acreditei e… e magoei-me.

Começou a projetar a nossa casa de sonho, iludi-me e enganou-me.

A minha filha é o único motivo pelo qual ainda olho para a cara dele. Ela não tem culpa de nada!

Mas como é possível eu amar uma pessoa que me faz tanto mal. Gostar dele só me magoa e só me faz chorar.

Porque é que ele tem que ver outras mulheres? Eu não chego? Ele também nunca foi bonito e eu não preciso de ver outros homens.

Gostava de ser normal e achar que ele é uma merda mas acho que posso ser eu a culpada. Eu que não tenho paciência… eu que sou uma mimada teimosa… eu que nunca fui bonita… eu que realmente não sirvo para nada, nem para ele. Faz me sentir um lixo.

Custa-me ele não assumir o que faz. Custa-me ele enganar-me. Custa-me ele precisar de ver outras mulheres.

Não consigo controlar as lágrimas, quero dizer-lhe que o odeio, quero deixar de o amar tanto. Não sou capaz.

Ele é aquele tipo de homem desprezível, estúpido, sem escrúpulos. O tipo de homem que trai.

Sei das mensagens mas será que pessoalmente e fisicamente também se encontram? Ele era tão capaz disso. Quem trai não ama. Será que ele gosta mesmo de mim ou só me quer como uma garantia, para o caso das manates falharem, em casa tem sempre uma mulher ingénua à espera dele.

Pensamos casar… que pensamento mais estúpido, ele porque não gosta de mim e eu porque ia ser ainda mais enganada por ele.

Quantas mulheres serão? Só esta é que é a típica amante… ou ele é daqueles homens nojentos que se metem na brincadeira com todas as mulheres que lhes respondem.

“oi linda”, “oi”, “Tás gira hoje”, “Obrigado”, “essa roupa fica te bem. Que trazes por baixo”.

O que é que eu faço?

Por favor preciso de ajuda.

Quero falar com alguém que me responda.

A minha filha?

Eu não mereço sofrer assim tanto.

Ai é uma dor cá dentro que sufoca, que me destrói.

Se eu já não valia nada, agora nem para a “minha” família sirvo. Sou a pior mão de todas porque não sei ser melhor. Sou a pior mulher porque a pessoa ao meu lado tem amantes e eu não lhe chego.

Haverá uma pessoa tão ruim como eu? Tão realista e tão ingénua? Tão revoltada e sem coragem?

Ai como isto dói.

02/12/2020

Sem título

Mas será que está sempre tudo mal? Não pode ser tudo assim tão complicado. Porque é que ninguém me entende? O problema sou sempre eu.

Hoje está tudo difícil outra vez. Nada faz sentido novamente.

Não sei o que estou cá a fazer, se faço tudo mal.

Estou exausta, já não tenho mais forças para ir para a frente. Não quero lutar mais, os sonhos já abalaram e os objetivos já não valem a pena. Já nada vale a pena.

As coias boas não se conseguem sobrepor às coisas más. Estas dominam tudo.

Fazemos o que achamos melhor e depois vamos a ver e só fizemos mal.

Mas afinal o que é isto? O que se passa aqui?

Que montanha russa de emoções. Agora bem, depois mal, agora sorri, depois chora.

Estou mesmo muito cansada. Como explicar isto tudo?

Como partilhar as coisas? Eu não faço ideia, mas acho que preciso de ajuda para saber.

Está tudo tão mas tão difícil.

Será possível ficar pior?

Já nada me interessa.

24/08/2020

Paragem forçada

Pois é, há cerca de três meses que as nossas aulas de música pararam devido ao novo vírus que devastou em todo o país, um tal de Covid-19 que se espalhou rapidamente por toda a população sem que ninguém o conseguisse parar, ainda hoje não há cura para ele, apenas tratamentos.

Todas as escolas fecharam por precaução e para evitar contágios do vírus, e claro a nossa não foi exceção, fechou e acabaram-se as nossas aulas de música. Todos os trabalhos e projetos que tínhamos em andamento pararam de um dia para o outro sem que alguém pudesse fazer alguma coisa, deixámos tudo como estava, como se estivéssemos a jogar ao jogo da estátua em que ninguém se pudesse mexer. Passado cerca de 15/30 dias fomos arrumar toda a nossa sala de aulas e retirar o nosso material pessoal pois as salas das atividades extracurriculares foram utilizadas como salas de prevenção para a eventualidade de surgir um caso de Covid-19 na empresa (Santa Casa da Misericórdia), graças a Deus até à data não só não existiu nenhum caso na nossa empresa como não apareceu nenhum em toda a nossa vila.

No início não foi difícil suportar a falta dos alunos pois o medo do vírus era tanto que ninguém se atrevia a colocar um pé fora de casa desnecessariamente.

O tempo foi passando… Hoje já ao fim de três meses, sentimos a falta da escola, das nossas aulas de Educação Musical, dos alunos, dos corredores cheios de alegria, dos gritos, dos sorrisos e sobretudo do carinho que dávamos e recebíamos reciprocamente sem pedir. 

A nossa escola já voltou a reabrir no dia 1 de Junho, mas o vírus ainda não desapareceu, existem novas regras de contingência às quais todos têm que obedecer desde os meninos, aos professores e aos pais. O problema é que nesse plano de contingência apenas as atividades básicas são fornecidas ficando de fora todas as atividades extracurriculares, onde estão as nossas aulas de música. 

Este ano letivo já não vamos voltar, mas vamos trabalhar em casa para preparar um próximo mega ano letivo, cheio de atividades, diversão e muito amor, e claro sempre com a música por perto. 

Cuidemo-nos! - "Vai ficar tudo bem".

Ufa! Vamos respirar fundo e continuar em frente

Como é que é suposto controlar aquilo que pensamos, aquilo que sentimos. Será que as pessoas podem mesmo desiludir-nos tanto, ou será que a culpa é nossa?

Tantas perguntas, tanta ansiedade e um cérebro que não para de pensar em coisas que não devia.

Recomenda o médico descanso e nada de stress por causa da gravidez, mas assim é quase impossível.

Descobre-se cada coisa das pessoas que temos junto a nós que nem queremos acreditar, talvez tenhamos dado demasiada importância a quem não a merecia e agora seja tarde de mais para voltar a trás. Bem dizem que o amor é cego e talvez seja mesmo, ou então talvez a culpa seja nossa em certa pare.

Sim ser mãe não é fácil e começa logo no inicio, o corpo muda totalmente, as hormonas, o feitio, o mau estar, as dores, o não saber como estar e estar mal de todas as maneiras. Deixamos de ser boas pessoas, completamente difíceis de aturar e sobretudo deixamos de nos sentir giras. Cada vez mais gorda, com o corpo meio deformado do inchaço, mas principalmente deixamos de nos sentir desejadas, já não te procuram sem tu pedires primeiro, não é fácil e dói. As dores psicológicas são tão mais difíceis que as físicas, e mesmo que mudemos de sitio ou que tomemos um comprimido elas não passam.

Será por isso que as pessoas que estão à nossa volta procuram melhor mesmo sem nos dizer para não nos magoar?

Eu sempre fui muito mimada mas determinada, escolhi as pessoas que achava serem certas. E mesmo quando gozam comigo e me fazem de parva e de coitadinha eu fingia que não entendia, continuava totó só mesmo para não perder essas pessoas. Se fiz bem ou fiz mal nunca vou querer descobrir.

Estou em casa À tempo de mais, profissionalmente perdi tudo aquilo que gostava e pessoalmente gosto de tudo aquilo que nunca foi realmente meu.

Sou um espécie de dona de casa, para a qual nunca tive jeito nem interesse em o ser. Basicamente sinto-me inútil.

E para que querem uma pessoa inútil? Pois é… por isso passo mais horas do meu tempo a chorar do que feliz.

Também eu gostava de voltar a sentir me gira, a sentir me mulher…

Para já tento canalizar as minhas poucas energias para a pessoa que eu mais amo neste mundo, a minha filha. Por ela aguento tudo, por ela faço tudo e se for preciso guardo-a e protejo-a seja de quem for. No que depender de mim ela nunca chorará tanto por desilusões como eu agora. Estar grávida significa trazer ao mundo a única razão do meu viver, e ainda bem que esta pequena pessoinha chegou, não sei se na melhor altura mas é a melhor coisa que se pode ter. Será sempre linda e amada pela mamã.

Quanto a mim vou procurar a felicidade e o bem estar todos os dias, vou construir o meu caminho com quem quiser fazer parte dele. Levo comigo o sentimento de culpa por ter deixado acontecer o que aconteceu. E vou com a esperança de um dia deixar de ser inútil e um fardo. Até lá só cuidados e precauções redobradas, pois embora me faça de ingénua várias vezes eu estou bem atenta e não caiu na mesma duas vezes, estou de olhos bem abertos para todos os que querem fazer de mim parva. Eu finjo não saber, mas sei. Eu finjo não entender mas entendo. Eu estou exausta mas pronta para a luta.

Não guardo rancor mas preparo vinganças.

É tão difícil…

Cuidado com as vitimas falsas pois só servem para nos fazerem sentir mais culpadas.

As coisas podem e vão melhorar mas precisam de tempo, desconfia das mudanças repentinas. O problema está em sentir com o coração o que os olhos veem e o que não veem também.

2020

Menina, Mulher e Mãe

Hoje é com a luz do candeeiro da mesa de cabeceira que escrevo… talvez não escrevo mas penso, desabafo com a caneta aquilo que hoje não que ficar cá dentro guardado só para mim.

A princesa dorme de um lado e do outro está o pai dela, sim eu estou aqui no meio tal como na vida, nomeio de nada, no meio de tudo. É tudo tão difícil.

Hoje continuo com a certeza de que não sou boa mãe. Hoje acuso-me de quer proteger o meu tesouro mesmo que para isso magoe alguém ou até mesmo a mim.

Estou cansada. É tão mau dize-lo mas estou cansada da minha menina de a ter sempre colada a mim 24 sobre 24 horas… É para mamar, é para dormir, é para brincar, praticamente é para tudo. Eu adoro-a mas é difícil. A menina que queria atenção agora é mãe. A mulher que nunca mais teve tempo para ser mulher, agora é mãe. Mesmo assim é lindo ser mãe, mesmo contra tudo, aquele sorrisinho derrete o meu coração.

As dores físicas quase que não se sentem e as psicológicas vão caindo em cada lágrima.

Eu que sabia que tudo isto ia acontecer, mas que no fundo só queria mimos e atenção.

Sei que do resto continua tudo igual, e que posso eu fazer? Acabar e cortar será uma decisão radical, mas e isto será bom para mim? Sempre será aquela ingénua que sabe tudo e finge que está tudo bem mesmo quando a sua cara diz não ser feliz ali, assim como está.

Tudo passará e começamos a habituar com a dor, ela viverá connosco. Haverá momentos bons. Tudo passará!

Não há de ser nada!

A Menina…

A Mulher…

A Mãe…

2020