Como é que é suposto controlar aquilo que pensamos, aquilo que sentimos. Será que as pessoas podem mesmo desiludir-nos tanto, ou será que a culpa é nossa?
Tantas perguntas, tanta ansiedade e um cérebro que não para de pensar em coisas que não devia.
Recomenda o médico descanso e nada de stress por causa da gravidez, mas assim é quase impossível.
Descobre-se cada coisa das pessoas que temos junto a nós que nem queremos acreditar, talvez tenhamos dado demasiada importância a quem não a merecia e agora seja tarde de mais para voltar a trás. Bem dizem que o amor é cego e talvez seja mesmo, ou então talvez a culpa seja nossa em certa pare.
Sim ser mãe não é fácil e começa logo no inicio, o corpo muda totalmente, as hormonas, o feitio, o mau estar, as dores, o não saber como estar e estar mal de todas as maneiras. Deixamos de ser boas pessoas, completamente difíceis de aturar e sobretudo deixamos de nos sentir giras. Cada vez mais gorda, com o corpo meio deformado do inchaço, mas principalmente deixamos de nos sentir desejadas, já não te procuram sem tu pedires primeiro, não é fácil e dói. As dores psicológicas são tão mais difíceis que as físicas, e mesmo que mudemos de sitio ou que tomemos um comprimido elas não passam.
Será por isso que as pessoas que estão à nossa volta procuram melhor mesmo sem nos dizer para não nos magoar?
Eu sempre fui muito mimada mas determinada, escolhi as pessoas que achava serem certas. E mesmo quando gozam comigo e me fazem de parva e de coitadinha eu fingia que não entendia, continuava totó só mesmo para não perder essas pessoas. Se fiz bem ou fiz mal nunca vou querer descobrir.
Estou em casa À tempo de mais, profissionalmente perdi tudo aquilo que gostava e pessoalmente gosto de tudo aquilo que nunca foi realmente meu.
Sou um espécie de dona de casa, para a qual nunca tive jeito nem interesse em o ser. Basicamente sinto-me inútil.
E para que querem uma pessoa inútil? Pois é… por isso passo mais horas do meu tempo a chorar do que feliz.
Também eu gostava de voltar a sentir me gira, a sentir me mulher…
Para já tento canalizar as minhas poucas energias para a pessoa que eu mais amo neste mundo, a minha filha. Por ela aguento tudo, por ela faço tudo e se for preciso guardo-a e protejo-a seja de quem for. No que depender de mim ela nunca chorará tanto por desilusões como eu agora. Estar grávida significa trazer ao mundo a única razão do meu viver, e ainda bem que esta pequena pessoinha chegou, não sei se na melhor altura mas é a melhor coisa que se pode ter. Será sempre linda e amada pela mamã.
Quanto a mim vou procurar a felicidade e o bem estar todos os dias, vou construir o meu caminho com quem quiser fazer parte dele. Levo comigo o sentimento de culpa por ter deixado acontecer o que aconteceu. E vou com a esperança de um dia deixar de ser inútil e um fardo. Até lá só cuidados e precauções redobradas, pois embora me faça de ingénua várias vezes eu estou bem atenta e não caiu na mesma duas vezes, estou de olhos bem abertos para todos os que querem fazer de mim parva. Eu finjo não saber, mas sei. Eu finjo não entender mas entendo. Eu estou exausta mas pronta para a luta.
Não guardo rancor mas preparo vinganças.
É tão difícil…
Cuidado com as vitimas falsas pois só servem para nos fazerem sentir mais culpadas.
As coisas podem e vão melhorar mas precisam de tempo, desconfia das mudanças repentinas. O problema está em sentir com o coração o que os olhos veem e o que não veem também.
2020