Ai falar… apetece-me falar, mas não sei come, nem sei por
onde começar… Vou começar pela parte principal, não a mais importante, mas a
que me deixa melhor… A parte em que estou a escrever e não estou a chorar, nem
sozinha. A pouco e pouco e muito devagarinho parece que as coisas estão a
recuperar, estão a melhorar, as vezes a cair já são menos, pelo menos por agora
têm sido.
A minha cabeça anda uma confusão, tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo. Bem,
vou começar outra vez, parece que vamos ter um novo membro na nossa família,
pois é, vem um bebé a caminho, e eu estou? É tão difícil responder, mas eu
estou feliz, assustada, cheia de medo, cheia de coisas estranhas a acontecer à
minha volta ou dentro de mim. Preciso mesmo de falar disto, mas fora do papel,
mas não sei como, isto tem mesmo de deixar de ficar só para mim.
Eles os dois nem sei como está a ser. A menina, agora promovida a irmã mais
velha, diz adorar a ideia, parece que ainda não sabe bem o que isso é, mas
reage bem a tudo. E o pai? não sei, não sei o que sente, o que acha disto tudo,
ele não fala disto, bem nem disto nem de outras coisas mais sérias, o que me
deixa ainda mais baralhada.
Estou tão nervosa, confusa, estranha, sei lá, parece que na altura da outra vez
as coisas tinham sido tão diferentes, mas eu ando à toa. Parece que o medo me
anda a impedir de ficar mais feliz.
Bem eles já chegaram, está na hora de ir jantar. Já consigo parar de escrever,
depois pode ser que consiga voltar a acabar o resto.
CVG
26/04/2024